Adeus Austrália!

Como eu disse em alguns posts aqui, decidi vir para a Austrália para mudar completamente minha vida. Estava cansado da minha área de formação (Publicidade), dos problemas no Brasil e decidi vir pra cá mudar de carreira e trabalhar com Gastronomia.

Minha frustração com Publicidade dava uma lista imensa, mas entre os principais motivos estava a falsidade das pessoas, a relação de suserania e vassalagem entre anunciante e agência, e a constatação de que mais importante que fazer um bom trabalho, era parecer bom.

Curiosamente, nesse último quesito, a vida na Austrália é campeã. Não importa como as coisas são, tudo “parece”.  As pessoas parecem felizes, parece seguro, parece limpo, parece que o transporte é bom, parece que tudo funciona.

Na real, há uma minoria de gente realmente feliz, o resto é uma horda de imigrantes, aborígenes (os índios daqui) e minorias trabalhando feito um macaco ou mamando nos benefícios do governo para manter o primeiro grupo e ter a ilusão que vive bem.

Além disso, a violência doméstica e estupro são crescentes, mas poucos divulgados; “limpar” é um verbo que cede lugar ao “passar um pano”; o transporte é caro, os ônibus atrasam, os motoristas dirigem mal e são mal educados. Porém, se você trabalhar bastante, ter uma vida social mínima e morar em um lugar (bem) simples, consegue juntar dinheiro e….sei lá, fazer algo com o dinheiro que juntar.

Essa foi a minha frustração no ano que vivi aqui. Sai de uma realidade no Brasil para viver outra parecida do outro lado do mundo (guardada as devidas proporções). Óbvio, a poluição, violência urbana e estabilidade econômica são incomparáveis com as do Brasil, e talvez as pessoas que estejam aqui com residência tenham uma perspectiva melhor. Porém, no meu ponto de vista, há tantos problemas aqui que é preciso pesar até quando vale a pena o esforço.

Grande parte dos brasileiros que conheci (incluindo eu)  fazem me lembrar das cenas do purgatório da novela “A Viagem”, um monte de alma penada tentando achar uma luz. E pra quem está no completo breu, um fósforo é sol. Conheci pessoas jovens, formadas e talentosas trabalhando há anos como faxineiros, pois o salário é bom e possuem mais oportunidades que no Brasil. Não há preocupação com o longo prazo, enquanto tiverem energia eles seguem girando a economia da Austrália em troca dos seus anos de vida.

Não me arrependo do período que morei  aqui, tomei muito tapa na cara da vida e passei a vê-la com outra perspectiva. A Gastronomia ainda me fascina, mas definitivamente não seria como chef que ficaria realizado. Chegou novamente a hora de estender as velas e partir para outro desafio. Dessa vez na Europa. Antes, vou aproveitar o dinheiro que juntei aqui para curtir o sudeste asiático. Tentarei postar com certa regularidade, mas creio que entre uma praia e outra estarei muito bêbado para escrever, mas farei o possível. =)