Sexta das leitoras – Pau Camarada

“Tenho 35 anos, ruiva, magra, estou na segunda graduação, tenho facilidade em fazer amizades e me relacionar no trabalho, mas em se tratando de relacionamentos amorosos, estou sempre enrolada, querendo compromisso, mas ao mesmo tempo fugindo disso.

Estou há 9 anos solteira, morei junto com meu último namorado e depois disso nunca mais gostei verdadeiramente de alguém. Ao me separar dele, fiquei 1 e meio sem sexo até ficar com um amigo em comum nosso, que fiquei e foi de primeira, a “amizade colorida” durou 7 anos.

Cafa > Olha, se você é esse avião todo que anuncia, chama-me a atenção ter ficado 9 anos solteira sem gostar de ninguém. Tudo bem que o mercado está ruim, mas é impossível não encontrar alguém bacana por tanto tempo.

Eis que ano passado, sou apresentada ao aplicativo Badoo. Eu que me considerava a moderninha, racional e cheia de preconceitos com quem fica com cara comprometido.

Cafa > Ave-maria dos apps, o que você esta(va) fazendo no Badoo? Essa coisa é o risca-faca dos aplicativos. Entrei uma vez, pois meu amigo disse que era o app mais fácil pra comer mulher, sai em dois dias pela quantidade de spam, gays (fingindo ser mulher) e exus que encontrei por lá.

Entre as primeiras perguntas já descobri que ele tinha namorada (mais ou menos 1 ano de relacionamento), de momento já pensei em cair fora, mas estava numa fase que necessitava de uma “amizade colorida”, e nesse sentido ele seria o cara ideal. Ele tem 28 anos, um corpão de academia e adora sexo, como eu.

Cafa > Cara, “amizade colorida” diz muita coisa na primeira palavra, “amizade”. Normalmente surge de um carinho mútuo, de assuntos afins, pensamentos em comum, etc e termina na cama. No seu caso foi o inverso, deixou-se levar por um corpo/putaria para depois pensar em amizade, e de bônus o cara tem a delicadeza de dizer que é comprometido. Como um ser desse pode ser amigo? A não ser que você esteja no mesmo nível que ele. Você necessitava de sexo e viu no garotão a solução do seu problema fisiológico. Nesse caso, o cara nem “Pau amigo” seria, e sim um “Pau camarada”.

Acho que conversamos por umas 2 semanas até que fui a cidade dele (30 km daqui) encontrá-lo e fomos para o motel. Pensei em desistir no caminho, por medo mesmo de o cara ser um louco…mas, no caso, a louca era eu, enfim, paguei para ver.

Cafa > A diferença é que se você é a ~louca~ e tenta fazer algo contra a vontade dele, o cara te dá uma marretada. Agora se o cara é o ~louco~, pode obrigá-la a comer merda (isso já rolou). E sem papo cansado de machismo. Mulher é mais fraca fisicamente que o homem e por isso mais suscetível a riscos.

Não estou falando para pagar de santa e dar depois de 5 encontros, mas tenha um pouco de bom senso e marca o encontro em um bar. Óbvio que o cara pode fingir ser uma boa pessoa, mas já reduz bastante o risco.

Chegando ao motel eu não sabia o que fazer, ele também ficou constrangido, mas logo tomou as rédeas da situação. Ao final até pensei, foi bem “meia-boca”, acho que não vai mais acontecer, mas em seguida ele manda mensagem dizendo que gostou de me conhecer e que queria repetir.

Cafa > Provavelmente se vocês fivessem um warm up no bar, no motel a coisa sairia um pouco mais natural e melhor.

Uns 5 meses depois descubro pelo face que a namorada dele estava grávida, em seguida ele veio me contar, todo bobo que iria ser pai. Mas claro, continuaríamos com o caso. Para ele a desculpa para trair ficaria ainda melhor, já que ele dava a entender que a namorada não curtia muito sexo e algumas coisas que ele adorava (como dar uns tapas na cara, transar em lugares inusitados e um sexo oral caprichado)

Cafa > Que emoção. Você abriu um champanhe com ele pra celebrar? Chorou ao saber que agora que a mulher tem filho, ele vai ter mais tempo de te dar tapa na cara enquanto a mãe nina a criança? É bom comemorar pequenas conquistas.

Enfim, nesse 1 ano e meio de rolo, já tive a fase apaixonadinha, esperando ele mandar msg, cobrando isso dele…coisa que ele fazia quando bem entendia…sempre com a desculpa que ela estava marcando em cima e tal…

Meses atrás ele estava tão de saco cheio da vida dele, que até falou “se fosse em outros tempos, ia te convidar para morar comigo”. Não levei em consideração a observação, uma porque isso seria fora de cogitação pra mim, não tenho vocação para corna.

Cafa > Não, tem vocação pra amante de motel.

A corna está construindo algo (por mais incerta que a relação possa ficar), e você está a passeio na piroca. Se esse é teu objetivo, ok, mas pra se importar tanto com o cara, tenho dúvidas.

Só queria que ele fizesse o verdadeiro papel de um “amigo colorido”, que apesar de ser só sexo (eu também aceitei assim), que tivesse respeito, conversa, carinho. Esse seria o “pagamento” pelo que ele diz que eu faço e a mulher não. Tão difícil assim??

Cafa > Hahahaha. O respeito do teu “Pau Camarada” ficou lá no Badoo, a conversa e o carinho ele te dá no motel. Se você não está satisfeita com esse “pagamento”, vai ter que ser mais direta com o cara. Talvez ele melhore, mas romantismo com amante é botão soneca do alarme, aperta-se de vez em quando para ela parar de berrar.

Outro dia ele escreveu exatamente isso: “não entendo como você fica sozinha. É bonita, trabalha, tem sua vida, transa bem”. Coisa que me fez pensar: “é estou desperdiçando tempo com o cara errado”, mas mesmo assim, continuei nessa, me desvalorizando.

Quando deu 1 ano de rolo, resolvi colocar um ponto final, disse que não queria mais, ai o cara disse: “agora que você não quer, parece que estou mais louco”. Carência vai, falta de sexo vem e voltamos a nos encontrar. Depois da última vez (1 mês atrás), fiz como ele sempre faz, some por uns dias. Agora ele fica me enviando msg, quer saber o que aconteceu..

Cafa > Para. Se você está carente, come um chocolate, se busca sexo, baixe o Tinder ou o Happn e faça seu catálogo de PC´s. Está perdendo tempo com um traste.

Ah, e delete essa porcaria de Badoo.

Eu não gosto dele, a ponto de querer namorar e tal, aliás, o “acordo” nunca foi esse. Queria me livrar dessa situação, que me causa mais mal do que bem. Mas, na hora da carência acabo cedendo, aceitando as migalhas que ele tem para me oferecer.

Minha psicóloga diz que fico com ele porque pra mim é melhor um cara comprometido, pois não preciso me envolver (segundo ela, fujo de compromisso). E, afinal de contas, ele está sempre atrás, pra ele é cômodo ter a mulher e a amante, quando quer.

Se a finalidade é ter sexo, pelo menos isso deveria ser extraordinário, mas temos sempre o tempo contado, ele morre de medo da mulher. Mas diz que faço coisas que ele gosta e que ela nunca faria.

Cafa > Tua psicóloga deve ficar biruta. Tá difícil entender o que você quer da vida. Ok, não quer namoro. Apenas carinho, conversinhas fofas e mais tempo para trepar, certo? Ou seja, você quer o melhor de uma relação estável (atenção) e o melhor de uma relação casual (não compromisso). Vem aqui que vou te falar uma coisa no ouvido: isso não existe com homem comprometido… A atenção ele vai dedicar pra mulher (e agora pro filho), enquanto pra você sobra a cama.

Sempre que uma amiga me conta uma história parecida eu digo “aproveita o sexo e enquanto de fizer bem”. Ou seja, até não se apegar.. mas quando a história é com a gente….

Racionalmente sei que esse caso não me levará a lugar nenhum, e ainda por cima, morro de medo de a mulher descobrir e eu sair por vagabunda. Porque nesses casos, as próprias mulheres são machistas, o cara é o garanhão traindo, e a amante é a vagabunda. Mas quem é o comprometido na história???

Cafa > Isso é uma fantasia. Eu não acho nada de garanhão, esse cara é um tosco.

Sempre gosto de recorrer ao dicionário em casos de problemas com adjetivações. Vamos ver o que nos diz o dicionário sobre “Vagabunda”:

“Aquela que possui modo de vida considerado amoral, embora não viva da prostituição; Designação de um tipo de formigas que toma conta das casas em busca de açúcar”.

Bom, você não é uma formiga atrás de açúcar, tampouco vive de prostituição. Porém possui modo de vida considerado amoral. Logo, vagabunda é uma definição correta gramaticalmente. Não se ofenda.

Não justificando, me sinto mal nessa situação, mas se é que a versão dele é verdadeira, ela até merece uns chifres, pois, com 2 meses de gravidez não transou mais com ele…Mas, a idiota aqui sim, e vou dizer, apesar de tudo, gostei da experiência.

Cafa > Pronto, agora baixou a paladina da justiça. Quem é você para julgar que a garota merece tomar chifre por que não trepou grávida com o cara? Li certa vez que algumas mulheres grávidas perdem a vontade de transar.

Sei que mereço algo melhor, alguém que possa pelo menos passar uma noite comigo. E que metade da culpa é minha, por permitir desde o início que ele me trate assim.

Cafa > Putz, a situação tá preta pra ti. O merecer algo melhor é alguém que pelo menos possa passar uma noite contigo? Faz quantos dias que você vai à psicóloga mesmo?

Por vezes, me sinto uma idiota nessa situação, mas ao mesmo tempo, não consigo sair dela. Nesse meio tempo não apareceu ninguém bacana, ou pelo menos não percebi. Tipo aquela história: “enquanto não aparece o cara certo, me divirto com os errados””.

Cafa > Você deu a resposta em duas frases nessa última estrofe: “ou pelo menos não percebi” e “enquanto não aparece o certo, me divirto com os errados…”

Você não está se divertindo com oS erradoS e sim com O erradO. E ai começa o teu problema. Você pelo visto fechou os seus canais de contato pra ser a amante do cara. Assim como o amigo colorido anterior.

Se você só sai com ele, como pode conhecer outros? Não é saindo sempre com o errado que o certo vai cair no teu colo. É tentativa e erro. Saindo com vários, numa hora o certo aparece. Saindo com um (comprometido), numa hora a esposa aparece.