A minha primeira vez…no Tinder

Logo que terminei meu namoro, há mais de dois anos, achei que eu soltaria um leão faminto de dentro da jaula. Porém, quando a abri, o bicho estava há tanto tempo em cativeiro que colocou a cabeça pra fora, olhou com medo o que se passava no mundo e deu tímidos passos para reaprender a caçar.

Não foi fácil. Eu tinha perdido completamente o approach (e confesso que o saco também) de chegar em mulher na balada, bares e afins. Ao invés de sair atirando, eu escolhia uma, analisava e logo vinha uma série de defeitos. Ai pensava comigo, “bom preciso beber mais”. Bebia mais, passava do limite e em minutos pegava um táxi de volta pra casa. Isso aconteceu várias vezes.

Porém, em um belo final de semana fui apresentado ao Tinder. Ai tudo mudou. O leão ficou até gordinho de tanta comida disponível e sem gasto de energia. Tenho tanta história que daria um livrete só sobre o aplicativo, mas por ora focarei nas duas primeiras experiências. Claro, foram horríveis.

Para os saudosos dos primeiros meses do aplicativo no Brasil, a coisa era fantástica. Muita pessoa bonita e match toda hora.

Naquele sábado deu um match com uma garota maravilhosa. Só que pouco acostumado aos tipos de Tinderelas (farei um post a respeito), não me atentei ao tipo de foto que ela colocava e foquei mais no rosto.

Puxei assunto e pra minha surpresa a garota tinha um excelente gosto musical (“grunge”) e um humor interessante. Marcamos de ir a um pub.

A garota era bastante fotogênica. Ou seja, linda na foto. Apenas na foto. Pessoalmente ela tinha algo esquisito nas expressões faciais que me lembrava um pouco o Roberto Justus quando adota um tom professoral no “O Aprendiz”. Ela usava um vestido meio estufado, que não me permitia avaliar a dimensão exata do corpo. Enfim, esperei que o papo ao menos fosse agradável.

Só que a garota era aquele tipo de mulher que pensa que mostrar personalidade é sempre discordar do parceiro e/ou caçar polêmicas. E mesmo conversando sobre bandas grunges, assunto difícil de gerar polêmica, as minhas prediletas eram inferiores às dela. Pra mim a noite estava encerrada, pois com tanta negatividade a minha barra de energia já estava entrando em emergência. Porém, ao pagar a conta, ela me perguntou se estava a fim de um after. Levei-a pra casa. Sim, deixei a cabeça de baixo pensar por mim.

Chegamos em casa, coloquei um som e abri um vinho. Tentei puxar um assunto qualquer, mas ela tinha que fazer uma observação chata sobre a música que coloquei. Ai o leão acordou de vez, falei pra ela ficar quieta e fui pra cima no nível 5 da agressividade. Era isso que ela queria, e disse que eu não era homem para fazê-la calar a boca e me deu um tapa na cara. Foram poucas vezes que tomei um tapa assim. Não foi aquele tapa de maldade, mas de um tesão acumulado e me convidando para sentar a mão nela. E assim foi.

Eu gostei mais dos tapas que do sexo em si. Calma, não sou sadomasoquista, mas os tapas eram mais naturais, espontâneos e estimulantes que as outras frentes de trabalho da garota. Sem contar que embaixo daquele vestido estava escondido um pneu aro 18. Apesar de tudo demos duas naquela noite e ela morreu na cama.

Tive que acordar com ela do meu lado e ai veio um flashback de quantas vezes eu torci para garotas insuportáveis virassem pizza a noite logo após o sexo. Nesse caso, eu queria acordar com um bacon.

Bom, não satisfeita de dormir em casa sem ser convidada, ela ainda perguntou o que eu iria preparar de café da manhã. Passou na minha cabeça dar uma pingolada no copo de leite e servir pra ela, mas a minha educação e idade me censuram a esse respeito.

Preparei um sanduiche light e café. Aquela situação me incomodava demais. Eu não queria puxar assunto, nem ser mal educado, apenas que ela se tocasse com o meu silêncio que era hora dela picar a mula. Ao invés disso, perguntou-me se eu tinha olhado a camisinha na noite anterior e visto se estava inteira. Respondi secamente que sim. Depois ela perguntou se eu tinha lavado a mão quando abri a segunda camisinha. Ai respondi impaciente que não e retruquei se ela tinha usado guardanapo depois do oral. Pronto, era o que ela queria.

A garota entrou numa nóia sobre sexo seguro que por um instante eu pensei que poderia engravidá-la com os dedos. Depois de meia hora nesse assunto eu disse que precisava almoçar com a minha tia e levei-a pra casa.

Deu cinco minutos e veio a primeira mensagem no meu celular perguntando se eu tinha alguma doença. Ignorei. Na segunda ela me ameaçou (fisicamente) que se tivesse algo eu estaria enrascado. Na terceira eu a bloquei.

Fiquei alguns dias com receio dela aparecer na porta de casa. Resolvi dar uma folga ao Tinder. Era muito azar logo no primeiro encontro cair numa furada.

Porém, eu ainda tinha contato com uma segunda garota que conheci na minha primeira investida no aplicativo. Ela parecia bem melhor. E eu achei que um raio não cairia duas vezes no mesmo lugar. De fato não caiu. O primeiro caiu em casa e o segundo no litoral, onde passei um final de semana com essa nova garota.

Contarei no próximo post.

p.s Agradeço todas as mensagens de carinho recebidas no post anterior. Era algo que eu valorizava e sentia muita falta. Fiquei feliz de rever um monte de nome “familiar” daquela época comentando aqui. Obrigado!