RELACIONAMENTO 25 de agosto de 2015

O problema não é você, sou eu

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Essa expressão talvez seja uma das melhores para terminar um namoro ou uma relação que já deu no saco e você não tem mais ânimo de tentar reanimar. Chega um ponto que é um desgaste só ter que explicar educadamente pra pessoa que ela é preguiçosa, que tem titica na cabeça, que não sai da casa da mãe, que não tem amigas, etc. Há mulheres que não se satisfazem que o cara simplesmente não quer mais nada, elas precisam de um motivo. E ai vou falar o que? Leia mais? Faça amigas? Não dá.

Há coisas que você não muda, ou aceita como elas são ou abre fora. Então a frase “Você é uma pessoa bacana, o problema sou eu” serve como um zap (a carta mais forte) no truco do rompimento. Você transfere a culpa pra si e normalmente a pessoa para de atazanar.

Porém, teve uma vez que eu usei de forma sincera e quando pela primeira vez eu travei com uma garota.

Era final de 2013. Conhecemo-nos por acaso em uma balada no litoral paulista que ambos estavam completamente deslocados. Aquela coisa, teu amigo baladeiro enche a paciência dizendo que vai tocar o DJ XXX (ponha um nome em inglês), que vai tocar um “Set” muito bom, só vai gente “selecionada”, etc. Ai você chega lá, e tem um “set” de pirralho bêbado, a música é insuportável, o DJ não fica uma hora tocando e no final só tem briga, funk e gente se comendo pelos cantos.

Acabei puxando assunto quando a vi sozinha tentando pegar drink, em um bar que parecia o bolo da festa do Bexiga , e cedi meu lugar pra ela.

Não ficamos, mas conversamos bastante e trocamos contato. A garota era mais nova que eu, mas era bastante madura, tinha uma boa formação e emprego, sabia tocar piano (adoro mulheres que tocam instrumento) e era gata e gostosa.

Naquela época eu estava com a vida que (quase) pedi a Deus, bem estabilizado no trabalho e financeiramente, morava (sozinho) num lugar bacana, tinha meu carro, estava solteiro…a rotatividade na Cafa House tava maior que atendente de call-center da TIM.

Seríamos o casal perfeito e tinha tudo pra funcionar, mas eu estava com problema.

Apesar de todas as conquistas materiais e status que eu tinha, meu trabalho me sufocava e impactava minha vida pessoal. O meu demônio morava nessa zona de conforto. Se eu pensava em pedir demissão, ele logo mostrava todos os bens e ai eu engolia ficar em um lugar que me deprimia para não perder o conforto.

Quando voltei à São Paulo, convidei-a para jantar em casa, pois iria preparar o meu prato especial, Macarronada ao molho do Cafa (um dia passo a receita), a Cafarronada. Pedi pra ela trazer um vinho (que aliás, ela acertou em cheio na escolha).

Gosto do ritual de cozinhar com alguém que você curte conversar, é uma terapia pra mim. Entre um corte e outro de legume, dá uns goles no vinho, uns amassos, conversa, pica o tomate e ai vai. Os problemas somem, ainda que por algumas horas.

Eu estava inspirado, a macarronada ficou incrível, o vinho harmonizou bem com o prato e os amassos estavam bons. Era pra ser uma daquelas noites perfeitas, mas eu travei. Não cheguei a brochar, pois o amigão aqui nem chegou a subir. Ela tentou insistir mexendo no picolé de maria-mole, mas segurei a mão dela. Tava morto. Senti-me ridículo, numa inversão de papéis que eu jamais imaginaria. Pedi desculpas, comentei que tive um dia estressante, ela foi simpática, disse que tudo bem, agradeceu o jantar e foi embora.

Fiquei um bom tempo refletindo que porra tinha acontecido e não achava respostas. Talvez fosse algo fisiológico. No dia seguinte sai com uma lanchinho que eu comia de vez em quando e rolou numa boa. Uma semana depois chamei a garota de novo e novamente travei. Desisti dela.

Depois de alguns meses, quando finalmente me demiti da empresa, me desfiz de tudo e fui viajar, passei a compreender. Quando conheci a garota, minha cabeça estava a mil tentando me livrar de uma rotina angustiante. Se eu começasse a namorá-la, o que fatalmente iria acontecer depois de alguns encontros e noites de sexo, ela seria mais uma ancora naquela vida que não me satisfazia mais. Psicologicamente sabotei os encontros para não criar vínculo.

Com aquela o garota o problema era comigo. Talvez, o mesmo tenha acontecido com você algumas vezes, só prestando atenção no contexto do cara pra saber.

  • Zizicris Almeida

    Não acho que vc tenha sabotado só por isso. Chega um tempo em que estar sozinho é o melhor, pra refletir, pra se curtir, pra encontrar respostas. Naquele momento foi o melhor, não porque vc chegaria a namora la, mas porque o stress, a insatisfação com tudo o fariam exigir dela algo que talvez ela não tivesse pra te oferecer.
    Ps: adorando essa sua nova fase

  • Simone do Valle

    Não dá pra saber pelo texto se você já tinha a intenção de chutar tudo pro alto e cair no mundo. Se sim, inconscientemente você provavelmente não quis mesmo criar vínculos, porque era uma fase em que você justamente estava se libertando de todos eles. Era preciso estar totalmente livre para ir sem culpa, sem titubear, sem correr o risco de desistir da aventura e sair de uma armadilha, que era aquele emprego, para cair em outra, indo trabalhar em outro lugar, num momento que você precisava deixar tudo para trás e simplesmente ir.

  • Jack Souto

    Fico imaginando o nó que deu na cabeça da garota após a segunda travada. Mesmo tendo atributos intelectuais, físicos e talz, quando a situação se repete, rola um questionamento seguido de uma análise “será que tem algo de errado comigo?” A primeira vez pode ser por qualquer motivo alheio a minha pessoa, conheço meus atributos, tenho um auto olhar crítico razoável, tenho autoestima mas da segunda vez eu ia ficar grilada… possivelmente iria atribuir a uma razão emocional, algo neste interação despertava um gatilho emocional em vc, talvez alguém com perfil parecido tenha de dado um fora em algum momento lá atrás… nossa emoção lembra de situações que até a gente duvida. Usei essa tática do “o problema sou eu” uma vez com um carinha que me deu preguiça de explicar a real porque o motivo apesar de ser um óbvio ululante ele não teria maturidade pra compreender.

  • Ana

    Pica o tomate! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  • Ana Paula Sousa

    Não só com o cara, mas tipo no meu caso aconteceu várias vezes do carinha ser super legal e eu não estar preparada pra ele! Já terminei algumas vezes porque o problema era eu!

  • luana matusiak todero

    Belo texto, teu jeito de escrever é muito delicinha! abraço!

  • Sailor Stellar

    Eu Amo ler seus textos…. Senti sua falta meses dois anos!!!

  • Tharliana

    Cafa, não pretende voltar a usar o Twitter (@cafa)? Pergunto, pois sempre avisava por lá quando tinha post novo no blog, e como é um site que acompanho bastante.. :)

  • Ana Paula Parice

    Cafa que legal compreender isso, e não querer justificar colocando defeitos na moça.

  • http://www.arfortaleza.com Alexandrina Oliveira

    Verdade, muitas vezes nós mesmos nos sabotamos.

  • Leticia Almeida Alves

    Bem assim, as vezes estar sozinho é melhor.

  • Luna

    Também acho que isso acontece, e muito!! Mas o pior é quando o cara não admite e a gente acaba achando que o problema está conosco mesmo… Ja pedi a um cara que fosse organizar a vida dele e talvez, se fosse isso o que ele queria, viesse me procurar e que caso estivéssemos no mesmo momento poderia rolar algo… 😉

  • Thaisa Cullen

    Eu amo ler seus textos. Às vezes pessoas interessantes aparecem no momento errado, isso já aconteceu comigo, só que no caso o problema era comigo e não com o cara. Bjsss

  • Bruna Vanessa Alves Rodrigues

    Nossa, nesses anos sem o manual senti falta de muita coisa,mas as suas expressões são as melhores. Ha Ha Sem duvida que esse e o melhor blog que existe (sem puxar o saco).

  • Talita

    Sinceramente, considerando que li TODOS os posts do blog antigo, esse texto não tem a linguagem nem a ‘pegada’ do Cafa. Mesmo com as mudanças e amadurecimento alega (justamente por isso), sei lá, ta estranho. #decepcionada.

    • claudia

      continue lendo as publicações e vc verá que o velho e bom cafa ainda existe

  • Andressa

    “Lanchinho?” Hahah… Que nostalgia!
    Belo texto. Muito bom te ter de volta, cafa!

  • Camila Dória

    Cafa, acompanhei o blog antigo desde o começo, confesso que muito me divertia e me alertava sobre questionamentos relacionados a relacionamentos, mas agora sim você se tornou interessante, o amadurecimento te fez divinamente bem. E é melhor ainda saber que você cozinha bem. Beijos, Cafa

  • Lorena

    Chegar em casa depois de um dia cheio e cansativo (trabalho, faculdade, cólica, calor, perda do cartão de crédito) só vindo aqui para conseguir relaxar. Adorei o assunto, confesso que já vivi essa experiência e a frase “Não é você, sou eu” foi usada naquela noite. Foi uma situação constrangedora para ambos, mas acho que tive sorte, pois ele era super bem humorado e acabou me fazendo rir de tudo depois. Ao contrário da sua experiência, em outra oportunidade acabou rolando e rolou tão bem, que namoramos durante 3 anos. =)
    Aah, posta algo na sessão lazer, doida para ler algo lá, aproveita e posta a receita da macarronada, quem sabe assim eu consiga cozinhar algo que saia gostoso e com cara de comida (sou um desastre na cozinha ).Haha!!

  • Camila ( carioca)

    Bom texto! Cafa-mor deixando o ego de lado e assumindo as suas falhas/problemas. Contudo, depois de mil anos de análise, arrisco dizer que o problema não era com vc, mas sim com a garota. Algo nela não te agradou. Do contrário, mesmo estressado, cansado, vc daria conta. Think about it. Bjs

    • cafa

      Pode ser também, mas acho que tava mais em mim que nela

  • Milena Leandro

    Cada dia mais admirada com sua maturidade! Comecei a acompanhar o blog já nos momentos derradeiros, mas fiquei tão fã que sempre entrava no cachê que ficou salvo aqui nos meus favoritos e relia as histórias, que hoje, aos 23, recém solteira, fazem todo sentido pra mim e me ajudam pra caramba! Como é bom te ter de volta agora!

    PS: Ainda conversa por aí com leitoras? hahaha Venha conhecer Goiânia!

    • cafa

      Algumas :) . Já me falaram tanto dai que estou realmente interessado

      • Lis

        Tô amando ler os textos nessa fase mais madura (de ambos, aliás). E que nostalgia lembrar do início do blog, aprendi tanta coisa por aqui haha Bom te ter de volta, cafa!

        Ps: Venha conhecer Goiânia mesmo! Você vai gostar 😉

      • Milena Leandro

        Como faz pra conversar com o cafa?? =X hahaha
        venha mesmo… e nos avise! 😉

    • cafa

      Aham. Já ouvi falar bem de lá. Um dia eu vou.

  • Taíssa Moura

    Cafa, que saudade!!! sempre li, mas nunca tinha comentado antes. Adoro os textos. se vier a santiago avisa que te levo pra tomar um pisco sour! =)

  • Ana Paula Saraiva

    Nunca mais tinha ouvido (lido) essa expressão “lanchinho” ….hehehe … Bom ter vc de volta…seus textos estão ótimos!

  • Elen Tolentino Ogando

    Acontece sempre comigo, só que mo meu caso “psicologicamente” quem sabota sou eu,

  • Hermes Canhas

    Meu amigo, minha cabeça Explodiu!
    Aconteceu algo parecido comigo a um tempo atrás e agora que me veio a luz do fato gerador do problema.
    Excelente!

  • Daniele Santos

    Ja fui dispensada ouvindo essa frase, até então uma “desculpa”…e descobri que realmente o problema era ele. Ele estava numa fase em que todos os problemas se reuniram de uma so vez, doença na familia, profissional e outros. Enfim, tem homens que preferem se isolar do mundo quando estão com problemas. No momento achei que fosse uma desculpa de homem covarde mas depois descobri que era verdade. Paciência.

    • Tatiana

      To passando pela mesma situação tivemos uma noite ótima e no dia seguinte a vida profissional dele virou um caos. Ele disse q não estava conseguindo me dar a atenção q eu merecia eu retruquei agradecendo a educação e ele disse que estava sendo sincero pois não tinha tempo nem para ele! Nunca saberei

  • Robertinha Karine

    Hahaha cafarronada é ótimo! kkkkkk

  • Lisandro Hubris

    “O problema não é você, sou eu”!
    A expressão “O
    problema não é você, sou eu”, típica dos que depois de aproveitar as novidades termina
    uma relação desgastada e que já deu o que tinha de dar…

    Pode ter
    como causa outra explicação além da tradicional versão de que com o passar do
    tempo os humanos mudam de objetivos…

    A explicação
    para o alguém afirmar que ele é quem é o responsável pelo fato do casal não continuar
    mantendo um bom relacionamento…

    Pode ter
    origem tanto na biologia, como no fato de que atualmente 50% dos humanos têm
    dificuldade para se adaptar as mudanças que ocorrem no ambiente em que vivem,
    tem dificuldade para conquistar um parceiro ideal, ou tem dificuldade para continuar
    mantendo um bom relacionamento romântico.

    Já que no
    passado eram os pais quem escolhiam o marido da filha, ser introvertido, ser
    tímido, não ser muito sedutor, ou ter poucas pretendentes, apenas melhorava o
    foco, melhorava a maneira de agir, aumentava o tempo dedicado ao relacionamento,
    mas não impedia que o homem pronto para casar encontrar-se uma esposa…

    Mas
    atualmente, devido à mulher (com base nos seus sentimentos, e nas suas
    preferências), escolher o próprio companheiro.

    Bem como, as
    mulheres terem adquirido um poder econômico, e uma liberdade sexual nunca antes
    conseguida.

    O casamento atual
    deixou de ser do tipo “Até que a morte os separe”…

    Sendo que tanto
    a falta de recursos, como a timidez, a falta de alguma característica que faça
    parte dos modernos rituais de relacionamentos, os maus-tratos por parte do
    companheiro, e o desejo de viver novas aventuras, são fatores de desordem da
    harmonia conjugal.