Essa expressão talvez seja uma das melhores para terminar um namoro ou uma relação que já deu no saco e você não tem mais ânimo de tentar reanimar. Chega um ponto que é um desgaste só ter que explicar educadamente pra pessoa que ela é preguiçosa, que tem titica na cabeça, que não sai da casa da mãe, que não tem amigas, etc. Há mulheres que não se satisfazem que o cara simplesmente não quer mais nada, elas precisam de um motivo. E ai vou falar o que? Leia mais? Faça amigas? Não dá.
Há coisas que você não muda, ou aceita como elas são ou abre fora. Então a frase “Você é uma pessoa bacana, o problema sou eu” serve como um zap (a carta mais forte) no truco do rompimento. Você transfere a culpa pra si e normalmente a pessoa para de atazanar.
Porém, teve uma vez que eu usei de forma sincera e quando pela primeira vez eu travei com uma garota.
Era final de 2013. Conhecemo-nos por acaso em uma balada no litoral paulista que ambos estavam completamente deslocados. Aquela coisa, teu amigo baladeiro enche a paciência dizendo que vai tocar o DJ XXX (ponha um nome em inglês), que vai tocar um “Set” muito bom, só vai gente “selecionada”, etc. Ai você chega lá, e tem um “set” de pirralho bêbado, a música é insuportável, o DJ não fica uma hora tocando e no final só tem briga, funk e gente se comendo pelos cantos.
Acabei puxando assunto quando a vi sozinha tentando pegar drink, em um bar que parecia o bolo da festa do Bexiga , e cedi meu lugar pra ela.
Não ficamos, mas conversamos bastante e trocamos contato. A garota era mais nova que eu, mas era bastante madura, tinha uma boa formação e emprego, sabia tocar piano (adoro mulheres que tocam instrumento) e era gata e gostosa.
Naquela época eu estava com a vida que (quase) pedi a Deus, bem estabilizado no trabalho e financeiramente, morava (sozinho) num lugar bacana, tinha meu carro, estava solteiro…a rotatividade na Cafa House tava maior que atendente de call-center da TIM.
Seríamos o casal perfeito e tinha tudo pra funcionar, mas eu estava com problema.
Apesar de todas as conquistas materiais e status que eu tinha, meu trabalho me sufocava e impactava minha vida pessoal. O meu demônio morava nessa zona de conforto. Se eu pensava em pedir demissão, ele logo mostrava todos os bens e ai eu engolia ficar em um lugar que me deprimia para não perder o conforto.
Quando voltei à São Paulo, convidei-a para jantar em casa, pois iria preparar o meu prato especial, Macarronada ao molho do Cafa (um dia passo a receita), a Cafarronada. Pedi pra ela trazer um vinho (que aliás, ela acertou em cheio na escolha).
Gosto do ritual de cozinhar com alguém que você curte conversar, é uma terapia pra mim. Entre um corte e outro de legume, dá uns goles no vinho, uns amassos, conversa, pica o tomate e ai vai. Os problemas somem, ainda que por algumas horas.
Eu estava inspirado, a macarronada ficou incrível, o vinho harmonizou bem com o prato e os amassos estavam bons. Era pra ser uma daquelas noites perfeitas, mas eu travei. Não cheguei a brochar, pois o amigão aqui nem chegou a subir. Ela tentou insistir mexendo no picolé de maria-mole, mas segurei a mão dela. Tava morto. Senti-me ridículo, numa inversão de papéis que eu jamais imaginaria. Pedi desculpas, comentei que tive um dia estressante, ela foi simpática, disse que tudo bem, agradeceu o jantar e foi embora.
Fiquei um bom tempo refletindo que porra tinha acontecido e não achava respostas. Talvez fosse algo fisiológico. No dia seguinte sai com uma lanchinho que eu comia de vez em quando e rolou numa boa. Uma semana depois chamei a garota de novo e novamente travei. Desisti dela.
Depois de alguns meses, quando finalmente me demiti da empresa, me desfiz de tudo e fui viajar, passei a compreender. Quando conheci a garota, minha cabeça estava a mil tentando me livrar de uma rotina angustiante. Se eu começasse a namorá-la, o que fatalmente iria acontecer depois de alguns encontros e noites de sexo, ela seria mais uma ancora naquela vida que não me satisfazia mais. Psicologicamente sabotei os encontros para não criar vínculo.
Com aquela o garota o problema era comigo. Talvez, o mesmo tenha acontecido com você algumas vezes, só prestando atenção no contexto do cara pra saber.