Sexta das leitoras – Apaixonada pelo urubu

“Sou formada, faço uma pós graduação, estudo francês, trabalho, tenho 26 anos, morena, não muito alta ( não sou atoa, e tenho objetivos…vai imaginando aí), e estou solteira há 4 anos. Sempre fui uma pessoa muito tranquila, caseira, digamos “para casar”, já curti muito e acredito até que na minha adolescência aproveitei bastante, e depois do meu ultimo relacionamento (que durou 4 anos) eu tive aquela fase de pegadora, mas agora estou aberta a conhecer alguém para coisa séria.

 

Cafa > É, você tem um ótimo currículo. O “problema” disso é que quanto mais estudamos e amadurecemos, mais filtros surgem e naturalmente você vai se tornando a maçã do topo da árvore e não é qualquer animal que consegue alcança-la. Não importa o quão visível você está na árvore, boa parte vai se contentar com as que estão no chão ou mais acessíveis.

Infelizmente, no seu caso parece que um urubu apareceu. Na real nem sei se urubu gosta de maçã, mas vamos supor que ele gosta de bica-la .

 

Em dezembro do ano passado, fui a um restaurante próximo ao meu trabalho, e vi um rapaz entrando no local, e quase que instantaneamente eu me apaixonei (sim, passei a acreditar em qualquer coisa a primeira vista), ainda cheguei a brincar que eu estava apaixonada, que ele era o meu número, e claro que o físico e a aparência eram as únicas referencias até o momento, pois bem, cheguei no trabalho e a imagem daquele rapaz não saiu da minha cabeça; Obvio que passei a ir todos os dias no mesmo restaurante;

 

Cafa > Sei como é isso. Acho que é um instinto que herdamos lá do tempo das cavernas. Não precisa de diálogo, pelo porte e aparência já desperta algo dentro de nós. Porém, mesmo com o advento da fala, alguns homens parecem que só saíram das cavernas, mas a caverna não saiu deles.

 

Um belo dia quando cheguei na fila ele estava lá na minha frente, meu pobre coração quase pulou pela boca, dai pensei: agora lascouuuu, estou mesmo apaixonada! Por sorte uma amiga que trabalhava comigo estava cumprindo o ultimo dia de trabalho dela, mas ela já tinha trabalhado com ele na mesma empresa, e ela, em um gesto de bondade, me passou a informação mais importante até então : o nome dele.

Em posse dessa informação recorri ao Facebook e achado o perfil dele passei a olhar sempre, para “conhecer” e também para tomar coragem de me aproximar, daí então um belo dia tomei umas três doses de coragem e mandei uma mensagem daquelas “ahh te vi lá, sabia que era você, bom te ver por aqui…blábláblá”

 

Cafa > Hahaha, “bom te ver aqui”. O seu forte não é o approach, né? Nesses casos adicionar o cara no Facebook é melhor. De qualquer forma, funcionou a sua estratégica, então tá valendo.

 

uns 30 minutos depois ele respondeu (pulei uns 10 metros no meu quarto e meu coração quase sai pela boca),

 

Cafa > Hehehe, lembrei desse vídeo https://www.youtube.com/watch?v=gaZyiBHeWq4

 

e para completar a felicidade ele logo me adicionou ( eu pensei:se ele se interessar ele vai me adicionar, Bingo!), como era um sábado a noite, nós trocamos apenas algumas mensagens e fomos conversar mesmo no outro dia, aí o papo fluiu já pelo whatssapp, fluiu uma conversa na segunda, na terça, na quarta nós nos encontramos no restaurante, só que dessa vez o cenário mudou: ele me notou, e na tão esperada sexta feira fomos almoçar juntos (quase morro de nervoso), e o mais interessante é que tudo foi tão natural que até apelidinho nós já estávamos dando um ao outro; Saímos para almoçar na sexta e no mesmo dia marcamos de sair para jantar no sábado, após o jantar rolou o convite para o apartamento dele, pois os pais estavam viajando, eu fui mas consciente de que não ia rolar nada, só beijos e muitos amassos, e a essa altura eu estava muito apaixonada.

 

Cafa > Mulheres são curiosas, como vocês podem apaixonar-se tão fácil sem nunca ter ido pra cama? Sei lá, pra mim o sexo/química tem um peso imenso na relação.

 

Dias depois o já esperado por mim aconteceu, aquele bom e velho sumiço…os papos já não estavam acontecendo com a mesma frequência mas ainda continuamos nos vendo quase todos os dias. Em um período de 3 meses mais ou menos, eu o procurava e nós almoçávamos, ficávamos, e nesse meio tempo ele também me procurou. Ficamos nesse jogo, e eu apaixonada e confusa com tudo isso!

 

Cafa > Entendo o cara, ele gosta de conquistar. Atingiu o objetivo e pelo visto, na visão dele, a bicada na maça não foi tão boa assim para querer seguir adiante e comê-la.

 

Por fim, depois de um tempo ausente (uns 3 meses), dias atrás ele resolveu renascer das cinzas como uma fênix confusa e sem atitude, só que agora tinha um pequeno detalhe, em um evento com os amigos, um deles marcou ele em uma foto, e na foto ele estava com uma garota que logo deduzi ser uma namorada (ou potencial), só ele me chamou para almoçar, e novamente conversamos, rimos, ninguém pegou no celular (raro nos dias atuais, e foi tão legal como no 1º encontro)

Após me deixar no trabalho, pela tarde eu mandei uma mensagem agradecendo a companhia do almoço, daí o papo durou até bem tarde, mas coloquei ele contra a parede e nessa descobri que ele realmente está comprometido ( “/ ), mas na conversa eu deixei claro que não comigo não rolaria assim, e do outro lado ele tentando me convencer que não há problema nenhum em estar namorando e conhecer outras pessoas, que isso é normal e que ele acha que deve escolher a pessoa certa, que a pessoa certa poderia ser eu, blábláblá… daí eu sugeri então que fossemos amigos, mas olha a merda: continuo apaixonada!

 

Cafa > Credo, que novela mexicana, quanto lugar-comum. Vamos por partes:

Ele – Esse papo de “ser normal conhecer pessoas” pode até ser verdade caso ele tenha uma relação aberta. Porém, pela frase seguinte ele se contradiz ao falar  “conhecer a pessoa certa”. Esse tipo de coisa não existe em relação aberta, já que a pessoa que ele está namorando supostamente seria a certa, e o cara só sairia com outras para variar o cardápio e não para apaixonar-se. Ele foi bem amador e mau caráter.

Você – Dá uma preguiça esse “sugerir sermos amigos”. Quando uma garota fala isso pra mim, eu concordo e na sequência a apago da agenda. Tenho amigos suficientes para cuidar.

 

Cafa, sou super racional, e as vezes até demais e até me considero esclarecida da situação, é até meio hollywood a menina vê o rapaz, apaixona, e na vida real ele some porque ela não liberou (hahahaha)…

 

Cafa > Mulher intitula-se racional até a segunda página do livro do relacionamento. Basta encontrar o Mr Right e já está fazendo um monte de besteira e choramingando pelos cantos.

Sobre você não ter liberado de primeira, não acho que seja o motivo pelo qual ele se afastou. Provavelmente os beijos e amassos não foram bons (pra ele) que desse vontade de investir.

 

mas não sei o que acontece que não sinto vontade de afastá-lo de mim, com outras pessoas eu já iria dizer que fulano é um babaca sem caráter e simplesmente o tiraria da minha vida, mas com esse daí não, não sei o que esse disgramado fez… e ser a “outra” nessa situação não combina comigo, além do mais, vai de frente com o que acredito (ou que a sociedade acredita, enfim…), sempre respeitei todo e qualquer relacionamento e mesmo sendo ele, não consigo que seja diferente.

 

Cafa > Você tinha um estereótipo na cabeça do canalha, um cara tosco, sem modos e escrúpulos. Ai conheceu um cara gato, inteligente, trabalhador e carinhoso e o teu cérebro entrou em colapso. Só que por mais que ele tenha várias qualidades, é um cara que trai sem pudor e quer te fazer de amante.

 

Me diz aí, o que acha disso tudo? ele é só um aprendiz do aprendiz de cafa, ou o melhor a fazer é largar de mão?”

 

Cafa > Não é aprendiz de Cafa, pois o cara está chifrando a namorada (por mais que eu tenha pagado a língua nesse aspecto, eu nunca mantive relações em paralelo com o namoro, foram escapadinhas pontuais. E que eu não me orgulho). O urubu está mais pra canalha profissional.

Se você estivesse em outro momento da sua vida, eu iria sugerir que curtisse o momento, porém está apaixonada e esse cara apenas quer bicar. E se fosse “a garota” ele não sumiria por tanto tempo e não falaria aquela asneira de “encontrar a pessoa certa”. Isso não se fala, apenas acontece, e não aconteceu. Cai fora.

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Quer mandar a sua história para a sexta das leitoras? Não posso garantir que responderei todas, mas se for algo interessante e resumido, as chances aumentam. É só enviar para cafa@manualdocafajeste.com