Sexta das leitoras – Mulher independente e homem inseguro

Dessa vez resolvi publicar uma história um pouco mais madura, que foge do padrão que tenho recebido: “conheci um cara na balada + fiquei apaixonada = quero namorar”.

Creio que muitas mulheres com mais de 25 anos já passaram por esse tipo de situação, o  que fazer quando a sua carreira avança a passos mais largos que a relação e o amadurecimento do namorado?

“Cafa, havia descoberto seu blog no primeiro ano de faculdade, era novinha e desinformada. Seu blog foi um verdadeiro eye opening. Completei trainee em multinacional e hoje tenho um ótimo trabalho, moro sozinha, sou independente.

Cafa > Fofa.

Preciso do seu conselho para entender o que se passa na cabeça (de cima) do meu noivo. Cafa. Socorro!

Em 2012, conheci e comecei a namorar um rapaz que hoje tem 29 anos (eu, 25). Ele era tudo de bom: inteligente, bonito no seu estilo geek-chic, culturalmente refinado, pratica mesmos esportes que eu e cuida bem do corpo, muitos assuntos em comum, círculo de amigos interessante.

Eu era muito, muito mais experiente que ele em relacionamentos e sexo.

Na infância/adolescência ele teve problemas psicológicos (depressão, bullying por usar apoio externo de coluna, divórcio hiper-conflituoso dos pais) que resolveu com terapia. Ele perdeu a virgindade aos 19 com garota de programa. Depois, só fez sexo com outras 4 mulheres ao todo, incluindo eu e a única (ex)-namorada doidinha dele. No início, ele era bem ruim no sexo, mas eu já gostava muito dele, com paciência ensinei tudo e hoje nossa química é excelente, o melhor homem que já tive.

Cafa > Eu detesto vitimização. Muitas pessoas tiveram problemas na infância e adolescência (eu tive um monte e bem parecidos com os dele) e cabe somente a elas resolverem ao invés de usar isso de arma para ganhar a compaixão alheia.

Usei essa desculpa do passado uma vez com a minha ex para justificar uma traição e me senti um idiota. A partir do momento que os fantasmas da minha infância/adolescência começaram a me atrapalhar, fui numa psicóloga e resolvi.

Enfim, o cara deve ter muuitas qualidades para você ter a paciência de suportar tantos obstáculos. Parabéns por isso.

Recentemente, surgiu uma oportunidade para eu fazer um MBA nos EUA. A ideia seria meu noivo ir morar comigo lá. Ele trabalha com TI e já usa o esquema home-office 90% do tempo.

No entanto, esse assunto começou a lhe incomodar e lhe angustiar, e ele agora o evita. Notei que ele está ficando meio ressentido com nossa diferença de renda (ele ganha na faixa R$ 5-7 mil, eu R$ 27 mil). O sexo começou a rarear (sempre por parte dele) há 2 meses.

Cafa > Putz, ai é foda. Sabe o que mais me incomoda disso tudo? Não é o fato de você ganhar (bem) mais que ele, por mais que isso colabore para a baixo auto-estima do cara. O que me incomoda é fato dele ver essa viagem como um problema e não uma oportunidade.

Se eu não estou satisfeito com a minha vida profissional atual (o que na real é uma verdade no meu caso), e a minha noiva tem a possibilidade de ir estudar fora e me ajudar financeiramente, enquanto eu busco algo nos Estados Unidos, eu acharia o máximo. A área de TI tem oportunidade transbordando em vários países desenvolvidos e o fato dele poder trabalhar em casa, já ajuda um bocado no início.

Tivemos uma séria DR domingo passado, ele disse que se sente péssimo pela carreira dele ter estagnado, que ele se sente envergonhado quando viajamos em feriados e eu pago sozinha hotel e vôos, e que ele se sentirá mal por ir viver “às minhas custas” nos EUA.

Cafa > De novo a vitimização. A carreira estagna por dois motivos principais, pessoal e conjuntural. No último, se ele colocasse a culpa na Dilma, eu acharia mais justo, pois infelizmente está difícil crescer na situação atual do país. Porém, o ponto principal para a carreira estagnar é de ordem pessoal. Por que ele não voltou a estudar? Por que não buscar oportunidades nos EUA ou Canadá (esse aqui chove trabalho em TI)?

Outro ponto, se ele se sente incomodado que você paga as paradas, por que ele não sugere fazer um feriado mais tranquilo? Coisa boba isso: “Ai, me sinto envergonhado, mas aproveito a mordomia”. Ou fica incomodado, sugere algo de boas e não vai, ou vai, engole o choro e orgulho de macho. Jogar isso na cara depois é coisa de menino.

Daí, ele soltou uma bomba, dizendo que a vida é muito injusta porque eu também tive minha “solteira e pegadora” na faculdade enquanto ele baixava pornôs na rede da faculdade e só; porque eu experimentei vários homens (32) antes de conhecê-lo, mas eu fui a primeira e única “mulher normal” dele. Disse que jamais me trairia (e eu confio nele), mas que sente muita falta de não ter tido a fase de poder corresponder aos olhares, flertes e indiretas que mulheres bonitas hoje jogam em cima dele, tendo experiência para “chegar e pegar”.

Cafa > Pai do céu. Estou quase acendendo uma vela pra iluminar o caminho do garoto.

O que o passado da sua vida tem a ver com isso?! A propósito, não me diz que você contou pro cara que deu pra 32, não né? É o tipo de informação que não se pergunta/responde. E essa tentativa babaca de falar que é cortejado pelas mulheres só pra tentar te deixar insegura?

Realmente me impressiona uma garota com experiência, maturidade e intelecto suportar esses tipos de insinuações.

Cafa, me explica isso, por favor. Será que ele tem algum medo oculto que eu vá trocá-lo por algum homem no meu nível profissional? Grana pra mim é algo instrumental, não um termômetro de caráter ou atratividade. Não me importo em “bancá-lo” quando necessário.

Cafa > Ele está morrendo de medo de ser trocado, se você quer saber. Por isso usa o truque baixo de que há “várias garotas olhando pra mim, cuidado”.

Não misture envolver-se com homem no seu nível profissional e grana. Pela sua história está mais do que claro que você não largaria o noivo por dinheiro, mas eu não tenho dúvida que trocaria por um homem do seu nível intelectual / maturidade se a ocasião permitisse. Retomo mais pra frente.

Como posso convencê-lo que HOJE ele me satisfaz sexualmente como nenhum dos outros homens do meu passado, e que a falta de experiência passada dele é só isso – passado?

Cafa > Ele não deve ter dúvida de que hoje ele te satisfaz, o medo dele é do amanhã. Ele sabe do seu potencial e das limitações dele e essa viagem pra fora será um divisor de águas, ou vai ou racha. E nesse processo de vitimização, ele só consegue ver racha.

Será que se eu disser que quero me casar logo, ele deixaria essas neuras de lado? E quanto a essa lamúria de não poder corresponder aos avanços de outras mulheres, de onde vem isso, Cafa? Tá faltando algo de minha parte, será?

Cafa > Ó lá, o cara tá conseguindo o que quer transferindo a culpa pra você. Não caia nessa.

E que papo é esse de resolver o problema querendo casar? Tá boba? Vai piorar o que já não tá legal.

O que falta da sua parte é atitude pra ter uma conversa mais incisiva com ele.

Fui sozinha a uma terapeuta de casais, ela deu uma ideia de que eu e ele façamos um acordo: o noivado fica suspenso enquanto eu faço o MBA, ele pode ter vida de solteiro aqui, e eu lá, e depois voltamos. Segundo a terapeuta, meu noivo iria matar a curiosidade de ser deixado por mulheres da disco/Tinder/pub e saber corresponder/paquerar/transar, algo que ele não fez aos 19/20 anos, e depois voltaria todo feliz para mim. Mas eu não quero outros homens, eu quero ele e só ele para mim e só para mim. Essa ideia de “abrir o relacionamento” não é definitavemnte para mim. Saí da terapeuta mais confusa do que entrei.

Estou bem perdida nos meus pensamentos, dê-me um insight, Cafa”…

Cafa > Cara, eu vou virar terapeuta de casais. Tá fácil ganhar a vida dando esse tipo de pitaco. Eu não preciso conversar muito com você para entender que o perfil do cara é conservador, ele jamais aceitaria relacionamento aberto. O único intuito que eu vejo nessa dica da terapeuta é que vocês terminem após conhecerem pessoas com o mesmo perfil. Nesse sentido eu não acho o conselho ruim.

Porém, percebi que você está toda apaixonada pelo cara e ainda quer dar uma última chance. Sendo bem franco contigo, você vai ter que dar um ultimato aqui. O teu perfil é diferente do dele e algo que fez você se apaixonar não mantém nessa relação no longo prazo.

Lembra-se daquela garota que comentei posts atrás que foi expatriada para os Estados Unidos? Então, ela foi namorando (mas o cara ficou no Brasil). Eu não tenho ideia de como ele é ao vivo, mas pelas fotos e mensagens bobas que posta, está bem aquém do nível da garota. No primeiro mês eles seguiram trocando mensagens fofinhas pra todo mundo ver (o que eu acho de um extremo mal gosto), mas no segundo vi que não tinha quase nada. E lá fui eu dar uma urubuzada. Tivemos uma conversa bem bacana e a garota disse que não estava tão segura se o namoro daria certo, pois tinha conhecido alguém no trabalho interessante e tal.

Se o seu noivo não for contigo decidido a dar uma guinada na carreira e acreditar nessa relação, e principalmente, no potencial dele, tenho certeza que você terá o mesmo destino da minha amiga.