Sobre segredos

A internet é como se fosse a zona limítrofe do rio Tietê, se você ir para um lado pode encontrar coisas bonitas, vivacidade, natureza, isso é, coisas boas da vida; mas se você vai para o outro lado, vai encontrar um monte de coco, sujeira, tristezas, coisas mortas (ou morrendo) e tal. Na primeira versão do blog, experienciei esse limite dezenas de vezes, algumas hilárias, outras tristes.

Como a audiência da versão atual ainda não soma os 500.000 pageviews da anterior, infelizmente não recebo tantos chorumes na minha caixa da entrada. Porém, reviverei uma dessas histórias que recebi há alguns anos e choro de rir sempre que releio.

Vamos lá:

“No post passado algumas leitoras chiaram dizendo que estou muito ácido, que só falo de mulher tosca e que esqueci de enaltecer as mulheres bacanas que existem por ai.

Elas têm razão, anda faltando um açúcar no blog, algo que faça com que elas se apeguem a algumas qualidades desses perfis “bacanas” e fiquem otimistas acreditando serem um partidão, tal qual uma garota que descobriu em um teste da revista Capricho que é uma “Mulher sexy”.

O problema é que não estou com ânimo e pegada para escrever sobre coisas leves e fofas. E para piorar, me deparo com um texto para a Sexta das Leitoras que beira o surreal. Como não tem muito que comentar, fiz um bem bolado da Sexta das leitoras com a Rapidinha do Cafa.

O texto abaixo foi transcrito da mesma forma que foi enviado a mim (custei a acreditar que fosse verdade).

“Olha cafa, eu estou sempre lendo seu blog, e lendo a sua atualização do dia 7 de maio sobre passado, resolvi conta uma história minha.

Eu um dia dei bobeira de fala do meu passado pra um cara que eu tava ficando, contei das loucuras que fiz em um dos carnavais da minha vida.

Estava no meu primeiro dia de carnaval em cabo frio, eu e duas amigas, e resolvemos entra na onda do coletivo

Cafa > Adorei a expressão

tudo que o cara fazia com uma, tinha que faze com a outra também. Se o cara mim beija se tinha que beija também as outras duas, e assim vice e versa, mas acontece que tudo isso fico serio de mais com um cara lindo de mais que encontrei La

Cafa > Imagino o grau de seriedade da situação

e as duas caíram e cima dele, i eu nem pude fala que nele eu não queria coletividade

Cafa > Fantástico

por que elas caíram em cima dele de um jeito, que quando eu comecei a fala que nele não tinha coletividade, uma delas já começo a explica pra ele como que funcionava com nos três.

Resumindo tudo isso, fomos nos três mulheres pra um motel

Cafa > Adorei a solução

só com ele de homem pra da conta de nos três, i ele foi o meu segundo homem, pois o carnaval foi em fevereiro i eu tinha perdido minha virgindade em janeiro do mesmo ano.

Foi incrível, tudo foi muito bom.

Ai, eu ingênua de mais, chego na minha cidade, vou sai com um cara, e do a besteira de conta dessa historia pra ele, e o pior que contei pra ele da primeira vez que sai com ele. Tola de mais NE? Pois e!

Eu com essa besteira minha, o cara simplesmente mim propôs de um dia i nos dois mais um amigo dele, só pra mim, ou então pra mim leva uma amiga minha e ir eu essa amiga minha e ele a um motel.

Eu não aceitei, pois isso foi uma experiência na minha vida que foi boa, eu não posso nega isso! Mas não quero BIS”

Cafa >  Está certa, que absurdo. Ele deveria ter te pedido em namoro.

Olha, realmente não tem muito que eu falar aqui sem ser grosseiro, repetitivo e amargo, mas pqp…bom fim de semana vai”.

(fim)

Tem pessoas que se vangloriam de dizer “minha vida é um livro aberto”.  Na minha opinião, ou são ingênuas ou simplesmente idiotas. A maioria das pessoas tem experiência(s) que não se orgulham e/ou que diz respeito a si próprias. Abrir os segredos mais íntimos ao parceiro não vai fazer o amor aumentar, mas muitas vezes gerar dúvidas desnecessárias.

Já li várias histórias de homens que se abriram com suas mulheres a respeito de casos homossexuais que tiveram e de mulheres como a leitora acima que entraram na onda do coletivo e colocaram uma grande interrogação na cabeça do(a) parceiro(a).

Ninguém precisa fingir o que não é, pois um dia máscaras caem. Porém, nesses casos eu sigo a ideia do “Pássaro Azul” (leia aqui na íntegra), um excelente poema do glorioso Charles Bukowski. Bem resumidamente, o “Pássaro Azul” seria um traço da sua personalidade (ou no caso da história de hoje, os segredos mais íntimos) que é melhor prendê-lo a “deixa-lo foder o seu trabalho”.