Amizade entre homem e mulher

Pra quem meu o livro, sabe que meu relacionamento com o sexo feminino era muito simples, qualquer mulher do meu perfil era um alvo em potencial. Só que os anos passam, as prioridades mudam e a cabeça de cima consegue controlar melhor a debaixo.

Hoje, não tenho best friends mulheres, mas converso sem segundas intenções. E essa evolução no trato feminino as vezes gera inconvenientes. Um dos casos aconteceu com uma garota no meu trabalho que a chamarei de “alemã”.

No escritório não há lugar fixo, qualquer um pode sentar onde lhe convém. Só que após algumas semanas de trabalho já é possível identificar os chatos de galochas que sempre estão fuçando o seu computador, pessoas com tiques inconvenientes (por exemplo, uma garota que coça a garganta a cada 10 minutos), as que perdem 30 minutos relatando o sonho que tiveram na noite anterior, enfim, é necessário criar um mapa mental de pessoas a se evitar e assim grupinhos se formam por afinidades. A alemã fazia parte do meu. E apesar do silêncio que durava um bom tempo no grupo, volta e meia conversávamos sobre alguma amenidade.

Ela é uma mulher bonita, com traços físicos e psicológicos bastante marcantes, sisuda e racional como uma boa alemã. Apesar da seriedade, ela tem senso de humor. As conversas no dia a dia eram agradáveis e o papo fluía. Só que ai a coisa começou a ficar esquisita.

Toda Sexta-Feira os funcionários combinam de ir ao chinês da esquina fazer um happy-hour. Nunca fui muito fã desse lugar, onde servem cerveja morna e a mesa dividida com pombos. Maria começou a perguntar toda Sexta se eu ia no happy-hour. Na maioria das vezes eu tinha combinado algo com a minha namorada e falava que não ia, pois já tinha compromisso.

Aqui talvez seja o meu “erro” na história. Eu odeio mijação de território, aquela necessidade sem fim de falar de falar do(a) namorado(a) em cada assunto. Se depois de dois convites a pessoa recusou a saída e não deu uma alternativa, desencana que dificilmente dali sairá algo.

Porém, calhou de algumas vezes eu ficar no happy-hour pra bater papo com o pessoal, e todas as vezes que a alemã me via colava junto pra conversar. Eu não via problema, pois como disse é uma pessoa agradável, mas os papos começaram a ficar intimistas demais.

Maria começou a comentar de lugares especiais e isolados para ver o pôr-do-sol e gostaria que eu a acompanhasse, em outra ocasião comentou que tinha comprado um vinho alemão fodaço e fazia questão que eu provasse. Foi então que eu me dei conta que a alemã queria me comer.

Uma das poucas vezes na minha vida que me senti como uma mulher precisando dar um fora numa pessoa sem ferir os sentimentos e comprometer a amizade. Porém, já estava uma situação desagradável e eu precisa dar um basta naquilo.

Foi o dia que ela me chamou pra fumar maconha e acampar em um lugar x pra ver o sol nascer e que não aceitaria mais as minhas desculpas. Era um pot-pourri de erros. Além de não gostar de nenhuma dessas atrações, eu namoro e ela estava em um ataque beirando o desespero. Foi então que falei pra ela que não ia rolar, pois namoro e tal. No melhor estilo constrangedor.

Ela ficou meio puta, falou que eu deveria de ter informado desde o início que namorava e tal. Só que a garota está no meu Facebook (onde há fotos com a minha namorada) e pelas 3 ou 4 negativas anteriores, já deveria ter se dado conta que não rolaria.

Nos dias seguintes, ela passou a sentar em outros lugares e nossa conversa reduziu-se à condição climática na salinha do café.

Como eu disse no começo do texto, não acreditava na amizade entre homem e mulher sem que uma das partes não tivesse interesse pela outra em algum momento. Ai vem a maturidade e nos ensina alguma coisa sobre relações humanas, mas ai vem uma alemã e me dá um nó na cabeça.