Reflexões para 2018

Desculpem outra vez pelo atraso, mas no último mês minha vida ficou agitada, meus pais vieram me visitar e eu tirei férias com a minha namorada na exótica Bulgária e enquanto eu não estava comendo e bebendo, curtia as atrações do país (depois faço um post na coluna “Lazer”, pois fiquei positivamente surpreso), ou seja, não tive tempo, nem inspiração pra escrever.

Nessas férias, com a proximidade do Ano Novo, é natural que reflexões ocorram sobre o ano que passou e o futuro. Um dos pontos que reflito ultimamente é que quanto mais velho fico, mais complexa se torna a busca pela felicidade. Isso porque os principais desafios já foram vencidos, a felicidade das pequenas coisas fica rotineira (logo sem graça) e pra ajudar o corpo dá sinais que a jornada de ascensão chegou ao fim e passo a flertar com a ladeira. Não pareço otimista, né? Mas vou explicar.

No começo da vida adulta, lá pelos 18 anos você é um surfista iniciante com a pranchinha na mão olhando o mar. São tantos os desafios…(faculdade, carreira, mulheres ou homens, primeiro carro, apartamento, aprender um novo idioma, MBA, etc, etc) e assim que você cai na água e começa a passar as ondas, quebrar a arrebentação e sobe na prancha, a primeira marola vencida é quase a conquista do mundo.

Nos 30 é como estar sentado na melhor prancha, no melhor mar, cheio de experiência, lá no fundo esperando uma onda perfeita que nunca vem. E é nesse ponto que vejo a ruptura sobre a felicidade nos 20 e 30 anos de idade.

Nos 20 somos um produto do ideal da felicidade que nossos pais e sociedade nos doutrinaram, aos 30 temos (ou deveríamos ter) o discernimento do que para nós faz sentido e entender que a onda perfeita não existe e deixar o ideal de felicidade dos 20 para trás.

Tenho amigos que até hoje se arrastam em um emprego de status porque mantem a parafernália de coisas que virou a sua vida (mensalidade do clube, carro, roupas, faxineira…) e passam 12 horas do seu dia no trabalho envelhecendo 2 anos em 1, mas são felizes por suas coisas. Do outro lado, conheço pessoas que abdicaram de tudo para, por exemplo, ser garçonete no interior da Suécia, vivendo uma vida simples, mas com paz de espírito, longe da pressão dos outros.

Eu passei pelas duas situações, até o começo dos 30 estava no primeiro time, depois visitei o segundo quando morei na Austrália. Para mim, a felicidade não está em nenhum deles. Hoje, o que me faria feliz é ter algo sustentável e equilibrado.

Alguns dizem que a vida “se renova” com a chegada de filhos, mas sinceramente não consigo imaginar a composição de uma família bacana sem que pessoalmente eu esteja feliz. Não vejo filho como um amuleto da felicidade, mas a consequência de uma vida equilibrada.

Sempre penso se daqui a 10 anos estarei feliz com o que faço. Com 50 anos quero aparentar e ter problemas de 70 anos porque fiquei 12 horas do meu dia com a bunda sentada na cadeira e mal ter tempo de conviver com meu filho? Com 50 anos conseguirei ter dinheiro para pagar um procedimento médico no primeiro puta-que-pariu que der nele ou ficarei na fila pública interminável do hospital vendo-o sofrer?

Ainda estou um pouco longe de chegar ao meu objetivo, mas otimista que 2018 será um ano de mudanças. Espero que seja ótimo para vocês também.

Um Feliz Ano Novo!