O que mudou na minha cabeça nos últimos 8 anos

Nos últimos posts recebi pedidos de leitoras querendo que eu opinasse sobre o que mudou (ou não) na minha cabeça de 8 anos pra cá, quando escrevi meu primeiro post no blog.

Levantei alguns asuntos. Vamos lá:

1-) Relacionamento a distância – Eu tinha meu pé atrás com namoro a distância até começar a namorar uma garota de outro estado. Foi então que tive certeza que não funciona. O começo é uma maravilha, pois aquela vontade de estar junto vai aumentando ao longo dos dias (ou semanas) e quando você finalmente a encontra, rola uma explosão acumulada até o momento da depressão que é a despedida, mas ela faz parte dessa montanha russa de emoção que a relação a distância. O problema começa a surgir após o primeiro ano. Depois dos 25 anos de idade, você não namora uma pessoa se não pensa que com o passar do tempo subirá alguns degraus na relação (como morar junto, casar, etc). Ai se não há um plano de no curto/médio prazo estarem no mínimo morando na mesma cidade, a relação não funciona e se “funciona”, novos(as) figurantes entram em cena (falarei mais abaixo sobre traição).

2-) Transar no primeiro encontro – Essa foi uma das mudanças que mais me surpreendeu. Sempre preguei para as mulheres não transarem no primeiro encontro se quisessem algo sério. Ok, isso ainda vale para homens com uma mente mais conservadora, mas no geral não é algo crítico. Uma coisa é transar na primeira vez com alguém que você já conhece ou conversou por um tempo, a outra é ir pra cama com um cara que você acorda e nem lembra o nome. Se o seu objetivo é só dar e dane-se o amanhã, então vai pro oba-oba e viva la vida.

Mas vejam só. Quando eu estava nos Estados Unidos, conheci uma americana no Tinder que mal conversamos. No primeiro encontro ela foi me buscar numa balada e fomos pra minha casa transar. Assim facinho. Mas se eu morasse lá, seria provável que a pediria em namoro tamanha a afinidade nos assuntos, visão de mundo e química. A vida não é preto no branco, aprendi a ver as ~matizes~ e derrubar o machismo que fui criado.

3-) “Ligar” no dia seguinte – Coloco entre aspas, pois quem liga hoje em dia? Tem coisa mais chata que receber uma ligação e parar tudo o que está fazendo? Hoje, ligar virou algo tão íntimo e privado que se uma garota me liga no dia seguinte que a conheci, vou achar que ela está com algum problema ou desesperada. Vamos aproveitar a tecnologia a nosso favor. Conheceu o cara, trocaram contatos e ele não apareceu, puxe assunto de forma tranquila. Ano passado, uma semana antes de embarcar para a minha viagem, conheci uma tremenda gostosa em uma das baladas de despedida. Trocamos contato e eu muito louco, dia seguinte não lembrava o nome dela, olhava a minha agenda e ficava desesperado com tanto nome e eu sem ideia alguma de quem era ela ali. Juro pra vocês, uma semana depois, quando eu estava sentado no avião esperando fechar o embarque, a garota mandou mensagem. Tarde de mais. Porém, gostei do jeito que ela me abordou, “Oi cafa, vai na She Rocks hoje de novo?”. Se eu fosse, seria um convite para encontra-la; se não fosse, seria uma oportunidade para chama-la pra fazer algo; e se eu não quisesse vê-la simplesmente falaria que já tinha outro compromisso e não falaria mais nada.

4-) Importância do sexo – Eu costumava dizer que o sexo tinha importância em 75%, hoje penso que tem 70%. Não dá pra tirar o peso dele da matemática de uma relação. Se o casal se dá super bem, é carinhoso um com o outro, são parecidos e etc mas o sexo é uma bosta, vira amiguinho. Ponto. Eu quebrava o pau com a minha ex, mas na cama era uma coisa absurda e todos os problemas eram superados, ainda que temporariamente. Outro ponto, com o passar dos anos a frequência do sexo diminui e se a qualidade não é boa, difícil a relação funcionar.

5-) Pagar a conta – Antigamente eu defendia que a conta deveria ser dividida, mas hoje penso de uma forma um pouco diferente. Sempre critiquei o feminismo de conveniência, em que a mulher briga por igualdade dos sexos, mas quando vem a conta do restaurante ela prefere voltar a ser submissa ao homem e acha cavalheiro o cara pagar. Contraditoriamente, não curto dividir, o ato de passar duas vezes a máquina do cartão me incomoda e o garçom sempre faz cara de bunda. Sempre proponho a pagar, mas acho de bom tom a garota oferecer pra dividir. Se ela insiste, proponho que na próxima saída ela escolha o restaurante e retribua a minha gentileza. Obviamente já teve muito espertinha que se fez de morta no acordo, mas ai já demonstra algo da personalidade dela que logo a transforma em mais uma na minha agenda.

6-) Limites no sexo – Sempre preguei colocar limite no sexo e mantenho a minha opinião. Acho bacana e importante explorar o sexo, descobrir novas ~formas de prazer~, posições e tal. Porém, você precisa colocar um freio e limites, pois o sexo por si só é uma estrada sem fim e limite de velocidade. Você vai pegando velocidade, sentindo o ventinho na cara, é gostoso né? Ai pisa mais forte, aumenta a sensação de prazer e vai acelerando até chegar numa curva e quebrar a cabeça. Recomendo um filme muito bom sobre o assunto (“Kinsey – Vamos Falar de Sexo”). Esse cara foi um dos primeiros sexólogos nos Estados Unidos e em sua pesquisa começou a mergulhar no sexo para entender todas as formas de prazer e no final acabou se multilando (e quase louco), pois descobriu que algumas pessoas sentiam prazer na dor e queria comprovar. Quando me masturbo, as vezes penso, “cara se eu morresse agora e alguém olhasse por onde ando navegando no Elephantube, seria algo que mancharia minha reputação? Não, ai volto a bater uma. Claro, enquanto é uma mera fantasia, o problema não é tão grande, mas a partir do momento que você a executa, ai vem os riscos.

7-) Tamanho não é documento e mulher-repolho – Acho uma hipocrisia tão grande quando vejo pessoas dizendo que tamanho não é documento. Todas as garotas que eu conversei sobre o assunto dizem que influencia sim, que pelo menos é preciso ter um tamanho mínimo e não pode ser fino. É óbvio que o cara precisa saber o que fazer com uma arma na mão, não adianta ter uma bazuca e não saber atirar, por outro lado o que adianta o cara ter um estilingue, ser ótimo atirador, se no máximo consegue matar passarinho? Você ai dando risadinha, mas saiba que homens também julgam a sua perereca. Poucos homens gostam de mulher-repolho. Mas não desespere, eu odeio minha altura (não vou falar qual é) e sei que é uma nota de corte para um monte de mulher, mas confio nos meus outros atributos para compensar.

8 -) Traição – Esse é um assunto beem delicado e provavelmente no futuro escreverei um post a respeito. Eu era taxativo, abominava traição em namoro, pois seguia o lema que se fosse pra chifrar, não namorasse. E lá veio a vida me dar uns tapas na cara. Meu primeiro namoro (longo) eu não trai, simplesmente não sentia vontade de pular a cerca. Porém, o segundo virou uma várzea. Cheguei a pontos despeitosos que não me orgulho e me arrependo hoje em dia. Só que eram tantos fatores envolvidos (entre eles a distância e insegurança com a garota) que simplesmente acontecia. Ao contrário do que dizem, eu não ia procurar em outras o que eu não tinha com a garota, pois na verdade ela era o meu número em todos os aspectos. Ela descobriu e me perdoou. E pasmem (adoro essa expressão), no final do namoro, descobri que ela também me traia. E pasmem (2), eu a perdoei. Só que meses depois percebi que as traições (minha e dela) poderiam voltar a ocorrer, pois o problema estrutural, o que nos levou a trair, não foi resolvido. Ok, foi dado o perdão, mas a causa não foi tratada. É como um doente que está com dor e ao invés de identificar a doença, o médico receita analgésico. Ele funciona por um tempo, mas depois a doença piora e mata o paciente.