Amizade entre homem e mulher

Pra quem meu o livro, sabe que meu relacionamento com o sexo feminino era muito simples, qualquer mulher do meu perfil era um alvo em potencial. Só que os anos passam, as prioridades mudam e a cabeça de cima consegue controlar melhor a debaixo.

Hoje, não tenho best friends mulheres, mas converso sem segundas intenções. E essa evolução no trato feminino as vezes gera inconvenientes. Um dos casos aconteceu com uma garota no meu trabalho que a chamarei de “alemã”.

No escritório não há lugar fixo, qualquer um pode sentar onde lhe convém. Só que após algumas semanas de trabalho já é possível identificar os chatos de galochas que sempre estão fuçando o seu computador, pessoas com tiques inconvenientes (por exemplo, uma garota que coça a garganta a cada 10 minutos), as que perdem 30 minutos relatando o sonho que tiveram na noite anterior, enfim, é necessário criar um mapa mental de pessoas a se evitar e assim grupinhos se formam por afinidades. A alemã fazia parte do meu. E apesar do silêncio que durava um bom tempo no grupo, volta e meia conversávamos sobre alguma amenidade.

Ela é uma mulher bonita, com traços físicos e psicológicos bastante marcantes, sisuda e racional como uma boa alemã. Apesar da seriedade, ela tem senso de humor. As conversas no dia a dia eram agradáveis e o papo fluía. Só que ai a coisa começou a ficar esquisita.

Toda Sexta-Feira os funcionários combinam de ir ao chinês da esquina fazer um happy-hour. Nunca fui muito fã desse lugar, onde servem cerveja morna e a mesa dividida com pombos. Maria começou a perguntar toda Sexta se eu ia no happy-hour. Na maioria das vezes eu tinha combinado algo com a minha namorada e falava que não ia, pois já tinha compromisso.

Aqui talvez seja o meu “erro” na história. Eu odeio mijação de território, aquela necessidade sem fim de falar de falar do(a) namorado(a) em cada assunto. Se depois de dois convites a pessoa recusou a saída e não deu uma alternativa, desencana que dificilmente dali sairá algo.

Porém, calhou de algumas vezes eu ficar no happy-hour pra bater papo com o pessoal, e todas as vezes que a alemã me via colava junto pra conversar. Eu não via problema, pois como disse é uma pessoa agradável, mas os papos começaram a ficar intimistas demais.

Maria começou a comentar de lugares especiais e isolados para ver o pôr-do-sol e gostaria que eu a acompanhasse, em outra ocasião comentou que tinha comprado um vinho alemão fodaço e fazia questão que eu provasse. Foi então que eu me dei conta que a alemã queria me comer.

Uma das poucas vezes na minha vida que me senti como uma mulher precisando dar um fora numa pessoa sem ferir os sentimentos e comprometer a amizade. Porém, já estava uma situação desagradável e eu precisa dar um basta naquilo.

Foi o dia que ela me chamou pra fumar maconha e acampar em um lugar x pra ver o sol nascer e que não aceitaria mais as minhas desculpas. Era um pot-pourri de erros. Além de não gostar de nenhuma dessas atrações, eu namoro e ela estava em um ataque beirando o desespero. Foi então que falei pra ela que não ia rolar, pois namoro e tal. No melhor estilo constrangedor.

Ela ficou meio puta, falou que eu deveria de ter informado desde o início que namorava e tal. Só que a garota está no meu Facebook (onde há fotos com a minha namorada) e pelas 3 ou 4 negativas anteriores, já deveria ter se dado conta que não rolaria.

Nos dias seguintes, ela passou a sentar em outros lugares e nossa conversa reduziu-se à condição climática na salinha do café.

Como eu disse no começo do texto, não acreditava na amizade entre homem e mulher sem que uma das partes não tivesse interesse pela outra em algum momento. Ai vem a maturidade e nos ensina alguma coisa sobre relações humanas, mas ai vem uma alemã e me dá um nó na cabeça.

Dia das leitoras – Homem de fora

Recentemente recebi duas histórias bastante parecidas a respeito de leitoras que mudam de cidade / país e se veem perdidas em como se adaptar à nova realidade local. Por isso, resolvi fazer uma dobradinha de Dia das leitoras.

História I

“Oi, eu tenho 24 anos e sou formada em jornalismo.  Então, não sei muito bem como começar minha história, mas vamos lá. Sempre tive o sonho de morar estudar nos EUA, e há alguns meses comecei um mestrado em comunicação de massa no que eu acredito que seja o pior estado desse país.

Brincadeira, provavelmente tem  piores. Mas, estou morando em um estado vermelho, cheio de apoiadores de Trump e estou com muita dificuldade para fazer amizades.

Cafa > Olha, apesar de imaginar o horror que é morar em um estado com pessoas com mentalidade estreita e xenófobas, há sempre exceções e expatriados para conhecer, ainda mais em um país cosmopolita e repleto de imigrantes.

Quando cheguei, estava namorando sério com um cara que está fazendo intercâmbio na Austrália. Nos tínhamos planos de casar, de vir morar juntos. Procuramos advogado de imigração aqui juntos para que pudéssemos fazer uma vida aqui.

Mas, não sei o que aconteceu comigo aqui que comecei a ter várias dúvidas sobre o que sentia em relação a ele. Não queria ligar para ele e contar o que estava acontecendo, não sentia vontade de estar com ele. Acabei dispensando a oportunidade de passar o ano novo com ele na Costa Rica, cheia de desculpa boba.

E no meio disso, mesmo me sentindo muito sozinha, eu não queria muito o carinho do cara que supostamente era ‘o home da minha vida’. E ao mesmo tempo, comecei a me sentir balançada por esse carinha da minha turma que eu não sabia nada a respeito (meia aquela coisa que talvez tenha a ver com a história “caída pelo vocalista” – sempre namorei sério). Enfim, resolvi terminar o namoro. Não achei que era justo continuar com ele com tantas dúvidas.

Cafa > Você não acha que com 24 anos ainda é um pouco nova para fazer planos de casar e sentar a poeira? Tira um pouco esse peso das costas e foca mais no seu desenvolvimento pessoal.

Um mês depois que terminei, casualmente começo uma conversa no corredor da faculdade com o carinha. Ele me perguntou o que eu ia fazer a noite, e eu disse que ia com uma amiga (que é super enrolada e vive me dando bolo haha) em um evento no meu prédio e perguntei se ele não queria ir com a gente. Ele disse que sim.

Antes de nos encontrarmos, ele me manda uma mensagem e me pergunta se estou indo no tal evento mesmo e eu disse que sim, mas que minha amiga tinha me dado um bolo, e eu iria sozinha. Ele disse que me encontraria lá. Quando nos vemos, começamos um papo que não acabou mais.

Conversamos a noite inteira. Ele disse que também estava se sentindo deprimido, sozinho. Que o estado que estamos é muito diferente do estado dele (Ohio) e eu contei várias coisas para ele da minha vida. E bom, ele parece ser um cara bem bacana, sabe? Viajado, ambicioso, bonito. E no meio da conversa, eu contei coisas super pessoais de problemas familiares, acabei chorando no ombro dele.

Cafa > A sua carência está fazendo você ficar cega e queimar etapas. Bacana rolar a sintonia no papo. Porém, abrir muito da vida pessoal no primeiro encontro (ainda mais chorar no ombro de um gringo), pode parecer desespero e mulher-problema à vista.

Teve uma hora que ficamos super perto de nos beijarmos, e ele esquivou. Disse que queria ser meu amigo. Mas, depois me levou para casa, subiu comigo no meu apartamento e ficamos conversando por um tempão. Como já era super tarde, acabei caindo no sono no ombro dele e ele foi embora.

Cafa > Coitado do ombro do gringo, virou o ombro das lamentações.

Você talvez não esteja muito habituada como funciona a mentalidade da maioria dos americanos. Não que eu seja um, mas tenho alguns amigos de lá e conversamos bastante sobre relacionamentos e tal.

O fato de ele conversar com você a noite toda e subir pro seu apartamento não significa ele ter interesse em você como mulher . Mas te entendo, já que no Brasil o convite pra subir é quase que o início de uma preliminar.

Depois mandei algumas mensagens no que ele respondeu todo animado. Eu pedi desculpas por ter dormido, e ele disse “sem problemas, ontem foi muito legal ter passado tempo com você” – uma conversa nesse sentido. Relaxa, já sei que ele não esta interessado em mim. Homem quando quer toma atitude, né? Ainda mais depois dos meus flertes.  O problema é que acho que estraguei qualquer amizade que poderíamos ter.

Cafa > “Depois mandei algumas mensagens”, posso imaginar quantas e a intensidade. 

Novamente, você está levando a sua mentalidade sobre homens brasileiros e aplicando no coitado do gringo.

Brasileiro gosta de fazer um drama, de paixão instantânea, das oscilações de sentimentos (hoje te amo, amanhã te odeio). Nossa vida sentimental é quase uma novela das oito. Não tem muita lógica, mas emoção não falta.

Gringo prefere conversar e conhecer a pessoa (as vezes por dias) antes de trocar saliva.

As coisas na aula quando nos entramos tem uma sensação esquisita. Eu realmente quero fazer novas amizades aqui e tem sido muito difícil. Se ele não me quer, tudo bem. Mas eu ainda acho que me faria bem ser amiga dele.

Acabei de mandar uma mensagem para ele chamando ele para passar tempo e ele disse que esta ocupado, para a gente encontrar outro dia. E é meio que verdade, a gente tem oito trabalhos para entregar no decorrer dos próximos 10 dias. Eu mesma deveria tá editando uns vídeos agora…

Eu queria sair com ele para falar que as coisas não precisam ficar esquisitas, me desculpar se eu tornei a situação inconveniente. Enfim, acho que pelo visto não vou ter essa oportunidade. Mas, queria um conselho sobre como (re) conquistar a amizade dele. Já morei fora antes por mais tempo do que estou aqui e eu nunca me senti tão solitária, com tantas saudades de casa e tão triste.

Ia fazer uma grande diferença ter uma pessoa legal para jogar conversa fora de vez em quando, descontrair mesmo. A carga de trabalho aqui é muito puxada e ia facilitar ter uma vida social um pouco mais abrangente, rs”.

Cafa > Me parece que você está misturando um pouco as bolas aqui. Você quer um homem para passar o tempo ou amizade? Ambos? Do jeito que tá, parece o Fantasminha Camarada da paquera que ao invés de buscar amiguinhos, busca casinhos.

A vida no exterior, ainda mais sozinho(a) não é fácil. Essas diferenças culturais, hábitos, língua, tudo joga contra à nossa zona de conforto, e os truques que temos para conquistar as pessoas nem sempre são os ideais fora.

Se você quer ter mais sucesso, precisa abrir mais a cabeça (tirar um pouco desse estigma “eleitores de Trump”, por exemplo) e absorver um pouco o modus operandis dos americanos. Isso não é renegar a sua origem, mas adaptar ao que você tem de melhor com o que o outro gosta.

Não há certo ou errado, apenas diferenças culturais. E como você é a estranha no ninho, o esforço para adaptação precisa vir de você, não do outro.

Se você está buscando amizades e não consegue nada na faculdade (o que eu acho esquisito), sugiro que você dê uma olhada no https://www.meetup.com, se está buscando companhia masculina, Tinder ou Happn.

História II

“Olá Cafa, sou uma leitora antiga e nunca me manifestei por aqui antes. Porém, o tema polêmico sobre mulher com atitude me chamou a atenção. Até porque o que mais tem me chamado a atenção são as atitudes ( na vdd, falta) dos homens. Eu morava em Goiânia e nunca tive problemas em me relacionar com alguém, sempre namorei e qnd tava solteira sempre tive a geladeira cheia. Qnd mudei para São Paulo, me senti completamente fora da caixinha. A mulher mais feia, com bafo ou algo mto esquisito na cara. Ja cansei de contar quantas vezes ia em baladinhas, trocava olhares e nada. Se ficava com alguém, trocávamos telefone, conversava durante a semana inteira com o “fulaninho”, ai ele aparecia na sexta perguntando o que eu iria fazer e qnd eu dizia “to sem planos”, me ignoravam. Tem aqueles que aparecem sempre, dão um “oi” para demonstrar q lembra de vc mas, chamar pra sair que é bom nada!!! E é só voltar pra minha cidade e ir num barzinho q a minha auto-estima volta com tudo. Ñ sei realmente se o problema é comigo, com o lugar q estou morando ou a soma do dois. Mas a diferença de atitude masculina de uma região para outra é gritante!!!”

Cafa > A sua história é bastante parecida com a anterior, guardada as devidas proporções regionais.

São Paulo é uma cidade com população maior que muitos países (juntos), você consegue encontrar gente de todos os estilos, gostos e atitudes. O ponto é que provavelmente o seu estilo não deve estar em consonância com os homens dos lugares que frequenta.

Por exemplo, se você sair em regiões como o Itaim, Jardins e Pinheiros, normalmente vai encontrar aquela galera arrumada fru-fru de escritório, muitas vezes atrás de status e sem paciência para pessoas muito expansivas. Se der um pulo na Baixa Augusta, vai encontrar a galera alternativa pé-sujo, que prefere um jeito mais relaxado, gosta de assuntos profundos e faz amizade com estranhos com mais facilidade. Se cair nos sertanejos risca-faca de bairros periféricos, pode ter certeza que mesmo se estiver vestida de pirata, vai ter homem chegando junto.

 Não sei qual é o seu estilo, mas assim como a leitora da história anterior, talvez você não esteja em linha com o lugar que frequenta (seja visualmente como nas atitudes). Lembro que quando eu morava em Santos fazia maior sucesso na faculdade com as minhas regatas e jeito caiçara descolado. Quando mudei pra faculdade em São Paulo, me senti em um circo no primeiro dia de aula, onde eu era a atração. Todo mundo extremamente arrumado, perfumado e eu de chinelo, regata, gel no cabelo (algo completamente cafona na época) e comendo doce de mocotó no intervalo. Fiz a minha marca no lugar, mas enquanto não adequei meu estilo, nunca peguei ninguém.

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Quer mandar a sua história para que eu (talvez) comente e publique? É só enviar para cafa@manualdocafajeste.com; Caso queira manter o sigilo e ter certeza que sua história será comentada contrate o Cafa Responde (máx de 2 páginas / arial 12).

 

Dia das leitoras – Fantasma do passado

“Bem, eu tinha 20 anos, trabalhava em uma dessas empresas multinacionais, em que há “peões” sabe? Cafas era o que não faltava e eu me apaixonei por um deles.

Cafa > Um pouco limitada essa associação peões e cafas. Talvez com um olhar um pouco mais abrangente sobre homens, você não teria cometido tanta besteira como relatado na sua história.

 Na época eu ainda estava na faculdade e ele? Ah! Ele era o “homem dos meus sonhos” pensava eu! E um belo dia ele pede meu telefone e eu dei de pronto, naquela época eu fazia o que queria!

Cafa > Naquela época você fazia o que queria e hoje você faz o que não quer? Duh. Tome cuidado com esses encurtamentos de raciocínio, não ajudam em nada a compreender homens/relacionamentos.

 E ai ele me ligou e nós combinamos de nos encontrar pela primeira vez e foi mágico, dentro do ônibus, ele me beijou ali mesmo e fomos tomados de uma paixão avassaladora! O beijo foi ao som do Ira!

Cafa > 😐 😐 😐 😐

 Mas de repente no meio da conversa ele diz: “Sou casado”, nunca tinha me acontecido e ai eu me desesperei, chorei e terminei ou pensava que tinha terminado! Ele me cercava e todos os jeitos, afinal a gente trabalhava no mesmo lugar! Até que, depois de um tempo resistindo eu cedi!

E começamos a sair, eu realmente estava completamente apaixonada por ele e faria qualquer coisa por ele e fiquei com ele consciente de que era casado, sabia o que estava fazendo, mas como todo jovem o mundo era um só e minha vida era uma só e eu queria viver com ele, bem, comecei a faltar as aulas pra sair com ele, perdi em matérias, varias delas, minha mae pagava faculdade particular, mas tudo que eu queria era estar com esse amor louco e bandido!

Cafa > Sabe, já recebi muitas histórias como a sua, de mulheres que colocam o homem (tosco) no centro do universo e tudo passa a girar em torno dele. Geralmente, essas mulheres possuem uma ausência de afetividade imensa na família e/ou são nem-nem (nem trabalham, nem estudam) e buscam preencher o vazio das suas vidas com um homem. Pelo que contou, você não é uma desocupada, mas acho que tem algo mal resolvido na sua relação familiar que você deveria investigar.

Mas a gente só saía pra motel, vários deles, ate que um dia ele some, sem deixar rastros, nem trabalho, nem em lugar nenhum ele estava! No outro dia ele aparece e eu perguntei onde estava e ele sem medo me disse: ” estava preso”, eu fiquei chocada, mas ele me explicou tudo e isso não era nada demais!

Cafa > Ufa! Que bom não era nada demais. ¬¬´

 Estar encarcerado agora virou uma justificativa trivial, um contratempo.  

 E então, ele deixou de esconder as coisas de mim e eu me apaixonando ainda mais! Teve até um dia que estávamos no motel e ele fumando maconha na minha frente, isso me marcou e os dias, meses, anos se passando e eu comecei a subir o morro pra ir na casa da mae dele pra encontrar com ele escondido da minha mae e achava um máximo as pessoas chamarem ele de “rei”, eu era a rainha dele! Ali naquele momento! E ele me exibia para todos os amigos e eu la me expondo pra todos e ele me levando na casa de um a um dos ” amigos ” dele e dizia: ” essa é minha mina”. Era um máximo.

Cafa > Essa história parece um filme nacional ruim que a patricinha sobe o morro pra se deitar com o traficante.

Entendo que a paixão as vezes não considera classe, estudo, e tal. Mas porra, antes de qualquer coisa tem o amor próprio e perspectiva futura. Tudo bem que aos 20 anos mal sabemos o que é um relacionamento que preste, mas um parceiro casado, viciado e com passagem na polícia dificilmente vai sair coisa boa desse buraco.

 Eu estava apaixonada, ate que outro dia ele some por varios dias e depois me liga com a voz embargada e me disse que precisava de mim e eu fui correndo todos os riscos e fui atras, ele estava no inferno e eu fui la, precisava vê o estado da pessoa de drogado que estava e eu la, cuidando dele com amor e sexo. Ja dizia Drummond ” o amor é um estado de graça “, mas tambem é um estado de euforia, de loucura, de sufocos!

Cafa > Drummond deve se remoer na tumba com essa citação em um “relacionamento” que o amor é uma via de mão única.

Mas nessa parte da historia abro um parêntese para dizer que quem me arrumou esse emprego nessa empresa,foi a namoradinha do meu irmão, que queria se fortalecer na família e queria ” comprar” minha mae!

Cafa > Parece que esse texto foi escrito do além, quando você tinha 20 anos. É um pot-pourri de malcriação, ciúme e juízo de valor…. Se você não gosta da sua cunhada, seria mais digno recusar a oferta a aceitar e ficar de picuinha. 

 Como eu nao suportava ela, ela entao me ofereceu como ” oferta de paz” esse emprego lá, que eu iria ganhar mais que meu emprego antigo e ela seria minha chefe e chefe desse cara que eu namorava e que ela também deu emprego a ele.

Cafa > Mas que solução absurda. A pessoa não suporta a outra e então oferece um emprego para que seu desafeto seja o seu subordinado. Não faz muito sentido, tem algo mal contado. Ainda mais considerando que ela empregou o “peão” também.

Mas numa bela noite ela descobre pela ” radio peão” que eu estava saindo com homem casado! E o que ela faz? Chama ele e diz: ou vc me diz a verdade ou vc perde o emprego e a vida nova que te dei ! E o que ele faz ? Me entrega! E conta coisas que nem verdade era, disse que eu estava atrás dele, que ele nao queria e que ja tinha dito a mim que era casado e mesmo assim eu insisti e contou tudo que a gente fazia no motel, as roupas que eu usava na cama com ele, tudo!

Resultado: Meu mundo caiu, por que ela me dedurou pra meu irmão e ai toda minha família ficou sabendo o que a caçula fazia no motel com homem casado, minha mae parou de falar comigo, fui cortada de tudo pela minha família!

Cafa > Cara, de filme brasileiro ruim foi para novela mexicana surrealista. Nada faz sentido aqui. Sua cunhada contratando os dois, a intimação para o cara contar detalhes da vida pessoal para o chefe, ele fofoqueiro se fazendo de vítima… Pelo menos sua família agiu enquanto era tempo.

Hoje, sou empresária, tenho com 35 anos, e ele reaparece, se consertou na vida ! Está fazendo faculdade, tem uma pequena empresa, me liga e pede pra me encontrar e eu fui!

Só que tanto eu quanto ele fomos nos ver em busca daquele passado, mas tudo mudou, tudo ta diferente, a gente tenta o sexo, mas eu ja não sou aquela menina aventureira que transava no ônibus, dentro do carro na rua escura ou atras de um muro

Cafa > Normal. A vida é uma evolução (ao menos no meu ponto de vista), os anos passam e começamos a valorizar e gostar de outras coisas. Por que transar no carro se agora temos o conforto da nossa própria casa? Por que dar atrás do muro se você pode alugar um barco e dar em alto-mar com o céu estrelado na sua cabeça?

e não quis transar sem camisinha, ele abre a boca e diz: o que começa errado não tem como dar certo e diz mais: A culpa de tudo que aconteceu foi sua, se vc não tivesse faltado aula ninguém tinha descoberto nada! E naquele momento eu pensei que ele nao tinha mudado, que caráter ja vem com a pessoa e eu chorei pq depois de todos esses anos a paixao estava ali adormecida, mas estava ali pelo amor bandido, era ele, mas nao era mais ele! Se me fiz entender!

Cafa > Na verdade ele sempre foi o mesmo, você quem mudou.

Ele jogou sujo fazendo essa chantagem juvenil pra não usar camisinha e trazendo fatos irrelevantes do passado pra fazer você se sentir culpada. Um jogo psicológico que mostra bem o caráter do cara.

E minha historia acaba aqui! Ele nao me procurou mais e nem eu a ele! Queria sim casar com ele e ter meus filhos com ele, mas Deus ou as circunstâncias nao quiseram ou destino, sei la, mas ele sempre me diz que ele nunca vai me fazer feliz, que ele nao é homem pra mim, que ele sempre vai me fazer infeliz! Mas eu sou loucamente apaixonada, mas nada será como antes”.

Cafa > Depois da amostra do que esse homem é, você ainda o imagina como pai dos seus filhos? Você oscila conclusões maduras com uma imaturidade de adolescente boboca.

Olha, há relacionamentos que mexem com a gente devido a intensidade com que gostamos da pessoa, o sexo que era perfeito e a sensação de coisa errada (que atrai um montão de mulher nova com carência afetiva), mas muitas vezes eles pertencem ao passado.

Deixa esse cara com uma “boa” lembrança dos seus vinte anos e busque algo que tenha a ver com o que você é hoje.

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Quer mandar a sua história para que eu (talvez) comente e publique? É só enviar para cafa@manualdocafajeste.com; Caso queira manter o sigilo e ter certeza que sua história será comentada contrate o Cafa Responde (máx de 2 páginas / arial 12).

A complexidade de um relacionamento simples

Enquanto escrevo esse post, mantenho parte do foco na panela que está no fogão cozinhando a minha janta e da minha namorada. Hoje é minha vez de preparar a comida, pois ela ainda está no trabalho.

A janta está toda ali, numa panela comum. Olhando por fora parece um simples jantar, mas dentro preparo uma carne cozinhada a fogo lento com vinho, com bouquet garni, algumas especiarias e batata doce que absorverá o caldo e fará uma boa harmonização com a carne.

Longe de querer me gabar como chef, mas pra chegar nesse prato levei anos colocando a mão na massa. Primeiro com pratos simples em casa, observação em restaurantes e o trabalho em cozinha na Austrália (cortando quilos de legumes por dia e conquistando uma queimadura no braço).

Juro que não fumei nada especial, mas olhando essa panela e todo esse contexto culinário lembrei dos meus relacionamentos e como foi a minha evolução e deles ao longo dos anos.

Tive a época de comer o miojo com salsicha que eram as amiguinhas do começo da fase adulta, que estão de bobeira, tem nada pra fazer, deu fominha e pan! põe pra dentro sem perder tempo e estresse; teve as pizzas Hut do Tinder que a aparência é ótima, mas que após comer dá um peso danado; isso sem contar as da night, ou hot-dog pós- balada que você mal lembra da cara, mas dia seguinte faz estrago.

E ai a coisa começa a evoluir para um sanduíche favorito que você come vez ou outra, mas não tem compromisso algum. Até que conquista o prato-feito, aquele relacionamento básico, que não tem nada de errado, cumpre o seu papel, mas é um prato-feito. Há pessoas que não se importam em comê-lo todo dia, há quem não suporte a mesmice.

Ai chegamos nas coisas extraordinárias, como um magret de pato com trufas negras farejadas por porcos franceses ou um bife de Kobe acompanhado de arroz negro coletado por um monge no Himalaia, aquela coisa que explode os sentidos e você nunca mais esquece, tal qual um relacionamento explosivo que você nunca experimentou antes e raramente se repetirá. Mas se repetir, há o risco de virar prato-feito.

Voltemos pra minha panela.

Assim que comecei a comer, estava extraordinário, mas percebi que a carne poderia ter sido de outro tipo pra ficar mais tenra. Daqui a alguns meses tentarei de novo com outra peça, pois amanhã é macarronada de atum ao molho secreto do Cafa.

Considero esse o sucesso de um relacionamento maduro, estável e saudável. Não há grandes oscilações, não há peso e sim um equilíbrio e desenvolvimento contínuo. Aparentemente simples, mas complexo pra ser alcançado.

“Manual do Cafajeste (para mulheres), O Livro”

Depois de 8 anos de publicações, meses em edição e revisão, finalmente a primeira versão do blog virou livro!

São mais de 100 posts divididos em 8 capítulos (Pré-namoro, Namoro, Término, Universo feminino, Mente masculina, Dicas de sexo, Contos e Sexta das leitoras), totalizando 364 páginas (versão impressa).

No banner abaixo vocês podem adquirir a versão digital (Kindle) na Amazon:

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No banner abaixo vocês podem adquirir o livro impresso (infelizmente a Amazon não imprime no Brasil):

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O livro é dedicado a todas as leitoras que me acompanharam naquela época, e claro, acompanham hoje. O sucesso do blog seria impossível sem a audiência e envolvimento de vocês.

Obrigado!